sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Solitude

Os seres hão de ter seu tempo, imaginário tempo que tece seus planos e passos, e enquanto matérias vagantes, dançam, regidos pela equação matemática do equilíbrio.

O equilíbrio é o antípoda do tempo.

O equilíbrio conecta tudo, enquanto o tempo reflete percepções vagas e limitadas de movimento.

A volatilidade do raciocínio e pensamento se perde e se encontra na produção dos mesmos, como fosse um dínamo criando e fornecendo energia ininterruptamente. Assim como o dínamo, eles necessitam de um ponto de partida. A roda precisa começar a girar, faz-se necessário um torque.

A partida está no exato momento do ponto de mutação, ou vice-versa. Nesta equação fractal do movimento de tudo e de todos, as peças formam a grande figura. Qualquer um que recobrar parte de sua sensibilidade perdida, conseguirá, mesmo que sob leve esforço, compreender a existência de forma holística, percebendo-se e colocando-se simbioticamente no espaço.

Esta percepção não conduz ao ponto de partida, tampouco nos indica pontos de chegada, porém nos apresenta o cenário das relações e da interdependência destas relações para o movimento em equilíbrio. Criamos uma ilusão coletiva de tempo, pegamos os pontos A, B e C, correlacionamo-los e estabelecemos uma contagem para o nosso movimento. Este espaço de contagem apresenta diferentes fotografias, diferentes espíritos de época. Os seres e suas mentes voláteis estão vagando em meio a este movimento, criando, destruindo, aceitando, iludindo...  

Os seres que eu vejo não são os mesmos que tu vê, bem como nossas respostas não são as mesmas, pois não compartilhamos, salvo genericamente, das mesmas perguntas. Compartilhamos sim de uma grande necessidade chamada equilíbrio.

A mente coletiva está fracionada pelo tempo, pelas perguntas não feitas, pela laboralidade de seu espírito contemporâneo, pela diversidade não compreendida, pela necessidade da conquista em detrimento do enlace. Criamos palavras e nos perdemos em meio a elas.

Toda essa volatilidade da existência e de nossas mentes nos coloca numa situação de constante recomeço, de seguidos e infinitos pontos de mutação.

Olhar ao redor e não perceber transformação, é como olhar para o mar e não ver movimento.

E quanto ao equilíbrio, quisera eu observá-lo pulsante ao meu redor, mas quanto ao pensamento crítico, a inércia, com maestria, cumpre bem o seu papel.  


"Que época terrível esta, onde idiotas dirigem cegos."
William Shakeaspeare